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Grandes Nomes do Espiritismo

Francisco Raimundo Ewerton Quadros

Entre os trabalhadores da primeira hora do Espiritismo Brasileiro, destaca-se o Marechal Francisco Raimundo Ewerton Quadros em virtude da valiosa colaboração prestada na disseminação da doutrina codificada por Allan Kardec.

Homem de grande envergadura moral, possuidor de solida e generalizada cultura, doutor em engenharia e figura de prestígio na sociedade e no Exército Nacionais, o marechal Ewerton Quadros não se deixou fascinar pelas ambições da vida material. Espírito ativo e familiarizado com estudos profundos, escreveu numerosos trabalhos de cunho filosófico. De costumes austeros, não tardou a ser atraído pelo Espiritismo, tornando-se desde 1872, em ativo propagandista tanto pelo verbo como pela pena, ajudado pelas várias mediunidades que possuía, principalmente a da vidência. Através das páginas do «Reformador», contou uma série de casos ocorridos devido aos seus dons mediúnicos, manifestados desde a idade de oito anos.

Em março de 1873 desenvolveu a psicografia e, em pouco tempo, começou a produzir trabalhos admiráveis.

Ao ser criada a Federação Espírita Brasileira, foi ele eleito seu primeiro Presidente, cargo que ocupou até 1888, quando cedeu o posto ao Dr. Bezerra de Menezes.

Ewerton Quadros nasceu na capital do Maranhão, em 17 de outubro de 1841, filho do Capitão honorário Francisco Raimundo Ewerton Quadros. Fez na terra natal o curso de humanidades e em princípios de 1860, rumou para o Rio. Formou-se em Engenharia pela Escola Central (atual E. Politécnica), onde recebeu o grau de Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas.

Espírita convicto, foi um dos fundadores, em 7 de junho de 1881, do Grupo Espírita Humildade e Fraternidade, no Rio. Esse Grupo, desdobramento do Grupo Espírita Fraternidade, que se instalara aos 21 de março de 1880. Seus primeiros escritos Espíritas saíram publicados na Revista da Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade, periódico fundado em janeiro de 1881, o segundo órgão Espírita surgido no Rio de Janeiro. Seu primeiro trabalho ali apareceu nos meses de agosto e setembro em um estudo sobre ‘O Magnetismo na Criação’. Seguiu-se a este, em fevereiro de 1882, bela poesia de sua autoria, em dezesseis estrofes de quatro versos, intitulada ‘O Redivivo’. E em seu número de julho de 1882, a referida Revista estampava primorosa e edificante página poética recebida, através da mediunidade de Ewerton Quadros, aos 18 de junho de 1880. Intitulava-se ‘Morrer e deixar a ilusão pela verdade’, e fora assinada com as iniciais A. A...

Participou ativamente da fundação da Federação Espírita Brasileira e foi eleito seu primeiro presidente (1884-1888). Em 1888, deu a FEB sede independente, pois que até então funcionava na residência de um confrade. Colaborou no ‘Reformador’ e em outros órgãos da imprensa espírita até os derradeiros meses de sua vida. Alguns meses antes de falecer, doou a FEB, da que era presidente honorário desde 1891, muitos exemplares do seu livro ‘Os Astros’, para com o produto de sua venda socorrer os pobres da Assistência aos Necessitados.

Possuía Ewerton Quadros incontestável cultura e vasta erudição, sendo amplos os seus conhecimentos de Astronomia, Historia Natural e História Universal. Seus artigos em prosa eram as vezes assinados com o pseudônimo Freq. Deixou em numerosos escritos e em várias obras o fruto de suas meditações iluminadas pelo Espiritismo.

Ewerton Quadros foi, também, diretor do Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro, Comandante da Escola Militar do Rio de Janeiro (1894-95). Constituiu-se num dos mais esforçados auxiliares do Marechal Floriano Peixoto durante a revolta de 1893-1894, tendo sido Comandante do 5º Distrito Militar, Comandante-em-Chefe das forças em operações no Paraná, Comandante das Fortalezas de São João e da Laje. Reformado no posto de Marechal, por Decreto de 4 de julho de 1895.

Por volta de 1908, dirigiu, com outros diretores, a Liga de Propaganda das Ciências Psicofísicas, entidade que se ocupava de todos os fenômenos regidos por forças supranormais.

Além da notável cultura filosófica e científica que demonstrou possuir, era ele senhor de riqueza bem maior e mais apreciável — a do coração, a dos sentimentos cristãos. Suportou, sereno e resignado, todos os golpes da calunia, da intriga e do sarcasmo com que tentaram empanar-lhe o brilho da trajetória terrena.

A causa do Espiritismo no Brasil teve nele uma das mais fortes colunas. Com a sua pena culta, com a sua palavra esclarecida e autorizada, com o seu exemplo de cidadão reto e honrado, e com os fatos que soube provocar, foi um dos maiores propagandistas a serviço da Doutrina Espírita.
Faleceu no Rio de Janeiro aos 20 de novembro de 1919.

Fontes:
WANTUIL, Zêus (Org.) Grandes espíritas do Brasil: 53 biografias. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. https://www.febnet.org.br/blog/geral/pesquisas/biografias/

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