Grandes Nomes do Espiritismo
Eurípedes Barsanulfo
Nascido em 1º de maio de 1880 na pequena cidade de Sacramento em Minas Gerais, logo cedo manifestou profunda inteligência e senso de responsabilidade, fruto das lutas e experiências de vidas passadas.
Ainda moço e muito estudioso, apresentou tendência para o ensino, sendo incumbido pelo mestre-escola de ensinar aos companheiros de sala. Respeitável representante político de sua comunidade, tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paula, além de participar ativamente da fundação do jornal "Gazeta de Sacramento" e do "Liceu Sacramentano".
Através de informação prestada por um tio, tomou conhecimento dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana. Voltou sua atenção totalmente para a nova Doutrina, estudando e pesquisando até desfazer suas dúvidas. Converteu-se sem demora, identificando-se plenamente com os novos ideais. Numa atitude sincera e própria de sua personalidade, procurou o vigário da Igreja onde prestava colaboração e colocou à disposição do mesmo o cargo de secretário que ocupava. Tal atitude repercutiu mal entre os habitantes locais e membros de sua própria família. Em poucos dias começou a sofrer as consequências de sua atitude incompreendida.
Persistiu lecionando e incluiu o ensino do Espiritismo entre as matérias estudadas, provocando forte reação em muitas pessoas da cidade que, aturdidas, ofereceram dinheiro para voltar atrás. Ante sua recusa, os alunos foram retirados um a um.
Sob pressão e impiedosas perseguições, sofreu forte traumatismo, retirando-se para tratamento em uma cidade vizinha, época em que desabrochou nele várias faculdades mediúnicas, em especial a de cura, despertando-o para a vida missionária. Um dos primeiros casos de cura ocorreu justamente com sua mãe que, restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos. Os vários fenômenos observados a partir de então atraiu para Sacramento centenas de pessoas. A todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem o lenitivo da fé e a esperança renovada e, quando merecido, o benefício da cura, através de bondosos Benfeitores Espirituais.
Auxiliava a todos, sem distinção de classe, credo ou cor e onde se fizesse necessária a sua presença, lá estava ele, houvesse ou não condições materiais. Jamais esmorecia e, humildemente, seguia seu caminho cheio de percalços, porém animado do mais vivo idealismo.
Logo sentiu a necessidade de divulgar o Espiritismo. Para isso fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade" em 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos no campo doutrinário e de assistência social.
Certa ocasião caiu em transe no decorrer de uma aula. Voltando a si, descreveu a reunião havida em Versailles, França, logo após a 1ª Guerra Mundial, dando os nomes dos participantes e a hora exata da reunião quando foi assinado o célebre tratado.
Em 1º de abril de 1907, fundou o Colégio Allan Kardec, verdadeiro marco no campo do ensino. Esse instituto ficou conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado desde a sua inauguração com uma média de 100 a 200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.
Seu trabalho ficou tão conhecido que as matrículas abriam e encerravam no mesmo dia, tal a procura de alunos, obrigando outro colégio da região, dirigido por freiras da Ordem de S. Francisco, a encerrar suas atividades por falta de frequentadores.
Liderado com pulso forte e diretriz segura, o movimento espírita crescia na região. Esse fato incomodou o clero católico que passou, inicialmente de forma velada e logo após declaradamente, a desenvolver campanha difamatória sobre o missionário e sua doutrina. Eurípedes defendeu-se através do jornal "Alavanca", discorrendo sobre o tema: "Deus não é Jesus e Jesus não é Deus", com argumentação abalizada e incontestável, determinando fragorosa derrota aos opositores. Estes então mandaram vir de Campinas, São Paulo, o reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencidos de que suas argumentações infringiriam o golpe derradeiro sobre o Espiritismo.
O referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça pública. No dia marcado, o padre iniciou insultando o Espiritismo e os espíritas, numa demonstração de falso zelo religioso, dando testemunho público do ódio que o movia, além de descortinar sua alma repleta de intolerância e sectarismo. O missionário sublime aguardou serenamente sua oportunidade. Iniciou sua fala com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranquilidade para uns e luz para outros, iniciando em seguida a defesa dos princípios que alicerçavam sua fé. Com delicadeza e lógica, descortinou os desvirtuamentos doutrinários do Reverendo, reduzindo-o à insignificância dos seus parcos conhecimentos. Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou-se dele e abraçou-o fraterna e sinceramente, como sinceros eram seus pensamentos e suas atitudes.
Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua vida, ocasião na qual a pavorosa epidemia de gripe que assolou o mundo em 1918, tirou-lhe também a vida. Manifestada em nosso continente, encontrou-o à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres.
Chegado ao término de sua missão terrena, esgotado pelo esforço despendido, desencarnou no dia 1º de novembro de 1918, às 18 horas, aos 38 anos de idade, rodeado de parentes, amigos e discípulos. Sacramento em peso, em verdadeira romaria, acompanhou-lhe o corpo material à sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e mais sublime.
Fontes:
http://www.autoresespiritasclassicos.com/Autores%20Espiritas%20Classicos%20%20Diversos/
Mediuns/Euripedes%20Barsanulfo/Euripedes%20Barsanulfo%20-%20O%20Gigante%20do%20Espiritismo.htm