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Grandes Nomes do Espiritismo

Bezerra de Menezes

Adolfo Bezerra de Menezes, nascido na antiga Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Solonópole, no Ceará, aos 29 de agosto de 1831, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, entrou para a escola pública aos sete anos. Dez meses após, alcançou o saber do mestre que lhe dirigia a primeira fase de educação. Aos onze anos, iniciava o curso de Humanidades e aos treze conhecia tão bem o latim que ministrava aula a seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos. Seu pai, capitão das antigas milícias e tenente-coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política e seu bom coração, acabou por comprometer sua fortuna. Procurou os credores e propôs entregar tudo o que possuía, saldando a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo-lhe que pagasse como e quando quisesse. Deliberou então tornar-se mero administrador, não retirando das fazendas senão o necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações. Bezerra de Menezes partiu para o Rio de Janeiro a fim de estudar medicina. Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, doutorando-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nessa altura passou a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. Em 27 de abril de 1857, candidatou-se à Academia Imperial de Medicina, tomando posse a 1º de junho. Em 1858 candidatou-se a uma vaga na Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão de Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião-Mor do Exército, Bezerra foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião-Tenente. Eleito vereador municipal em 1861, foi impugnado sob a alegação de ser médico militar. Objetivando servir o seu Partido, afastou-se do Exército e em 1867 foi eleito Deputado Geral. Atuando como político, levantou-se contra ele uma torrente de injúrias, entretanto, a prova de sua pureza deu-se quando, abandonando a vida pública, foi viver para os pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Dedicando-se então a vários empreendimentos empresariais, retornando à política como vereador de 1876 a 1880, tendo sido presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880. O Dr. Carlos Travassos, primeiro tradutor das obras de Allan Kardec, levou um exemplar do "O Livro dos Espíritos" ao deputado Bezerra de Menezes. O episódio foi assim descrito pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-mo na cidade e eu morava na Tijuca, a uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: ora, adeus! Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar-me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi-me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei-me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença". No dia 16 de agosto de 1886, um auditório com cerca de duas mil pessoas ouviu em silêncio o Dr. Bezerra de Menezes declarar sua conversão ao Espiritismo. A Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil, incumbiu-o de escrever, aos domingos, no jornal "O País", uma série de "Estudos Filosóficos", sob o título "O Espiritismo". Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. De novembro de 1886 a dezembro de 1893, escreveu ininterruptamente. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade". Em 1883 reinava a dispersão entre as casas espíritas brasileiras, o que levou à fundação da Federação Espírita Brasileira. Sob os auspícios de Bezerra de Menezes e acatando "Instruções" recebidas do plano espiritual pelo médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso "Centro Espírita". O entusiasmo logo arrefeceu e o velho seareiro se viu desamparado dos companheiros, chegando a ser o único frequentador do Centro. Nesse mesmo ano, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou os "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O País". Em 1894, com a melhora do ambiente, o nome de Bezerra de Menezes foi lembrado como o único capaz de unificar o movimento espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espírita Brasileira, cargo que ocupou até a sua desencarnação. A 11 de abril de 1900 Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria. Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa, desde o pobre até o opulento. Ocorrida a desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita. Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"; "Breves considerações sobre as secas do Norte"; "A Casa Assombrada"; "A Loucura sob Novo Prisma"; "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica"; "Casamento e Mortalha"; "Pérola Negra"; "Lázaro - o Leproso"; "História de um Sonho"; "Evangelho do Futuro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalás, etc.

Obras Relacionadas

Fontes:
GODOY, Paulo Alves. Os grandes vultos do espiritismo

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